
A seguir, apresento a entrevista que realizei, com algumas ilustrações fotográficas, onde o meu tio é interveniente.
-Olá tio! Bom dia.
R:Bom dia Francisco.
-Em que ano foi para a tropa?
R: Fui no ano de 1966.
-Para onde foi?
R: Fui para o centro de recrutas de Vila Real e depois para Chaves.
-Em que ano foi para a guerra colonial?
R: Foi também em Setembro de 1966, depois de ter assentado praça.
-Quanto tempo demorou a viagem?
R: A viagem demorou 24 dias.
-Em que sitio esteve?
R: Estive em Moçambique.
-Que condições encontrou quando lá chegou?
R: As condições eram más, as barracas onde vivíamos eram muito velhas, as camas eram muito fracas, mas com o passar do tempo, habituamo-nos.
-O que comiam e como viviam?
R: Vivíamos em condições muito deficientes, a comíamos à base de conservas, e pão que nós próprios cozíamos num forno que havia na nossa base.
-Que tipo de tarefas tinham que fazer?
R: Tínhamos que guardar o quartel e quando íamos para o mato fazíamos vigias.
- Quando iam para a frente de combate o que faziam, e qual era o estado de espírito?
R: Contra atacávamos o inimigo e o estado de espírito era pensar que não nos acontecesse o pior, e sempre que regressávamos à base, para mim já era uma vitória.
-Chegou a perder algum amigo em combate?
R: Perdi três grandes amigos.
-Quando o tio estava de vigia tiveram algum ataque surpresa?
R: Não, nunca tivemos nenhum ataque surpresa.
- Quando iam para o mato, onde dormiam e como se abrigavam?
R: Em abrigos construídos por nós e dormíamos no chão, quando dormíamos, porque tínhamos que estar alerta.
-Durante o tempo que esteve lá, escrevia muitas vezes?
R: Nunca escrevi porque não tinha papel, apenas mandei um postal com a minha fotografia no primeiro Natal que passei lá, foi muito difícil.
-Os jornais e a rádio davam muitas notícias da guerra?
R: Não, porque nós não tínhamos acesso aos meios de comunicação.
-Qual era o armamento que utilizava, para combate e defesa?
R: Era a G.3.
-Acha que sofre de stress de guerra?
R: Felizmente acho que não.
-Como se chamava a sua companhia?
R: Companhia de caçadores 1797.
-Qual era o pelotão?
R: Era o 3º pelotão, 3º grupo de combate “o Rangers”.
-Quando regressou, encontrou algum familiar à sua espera?
R: Sim estava o meu irmão e a minha cunhada, foi um momento de grande emoção, onde agradeci a Deus por ter regressado, são e salvo.
-Obrigado tio, por me ter ajudado a perceber como era o dia a dia de um militar na guerra colonial.
Aqui ficam mais algumas fotografias que ilustram o dia a dia das nossa tropas nas ex-colónias:


E no fim de tudo isto, podemos mesmo afirmar que: houve amizades que se criaram e que o destino fez perder. Culturas aprendidas, que a vida fez esquecer. Mas, nas mentes daqueles que viveram tais histórias, essas, ficaram como que tatuadas nas suas próprias vidas.
Trabalho realizado por: Francisco Martins Rodrigues 6.º Ano, Turma C, n.º 8
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